Urbanismo: Escola de Chicago



A Escola de Chicago surgiu no século XX, nos Estados Unidos, iniciada por um grupo de sociólogos que integravam a Universidade de Chicago. A criação desta tem uma ligação direta com o desenvolvimento industrial das metrópoles americanas que ocorreu nas primeiras décadas do século XX, e acabaram por gerar uma grande expansão urbana e acelerado crescimento demográfico. Esta expansão urbana implicou em diversos fenômenos sociais urbanos como o desemprego, a pobreza, aumento da criminalidade e a imigração. E esses problemas sociais se tornaram o principal foco de pesquisa para os sociólogos da Escola de Chicago.

Esse crescimento que ocorreu no século XX evidenciou uma fragmentação e, ao mesmo tempo, uma mistura entre os espaços semi-rurais e urbanos dentro das cidades. A principal causa para tal situação era a segregação social que ocorria nos meios urbanos, de um lado a qualidade de vida pregada pela especulação imobiliária, e do outro, classes de baixo poder aquisitivo sendo transferidas para áreas de difícil acesso, periféricas as cidades. Essa fragmentação criou ilhas dentro das cidades, definindo assim seus cheios e vazios, o chamado urban sprawl ou o espraiamento urbano.

Estudiosos da Escola de Chicago, através de seus estudos sociológicos da distribuição dos usos no espaço urbano, definiram três principais modelos de  como acreditavam serem divididos os tipos de ocupação urbana: O modelo de Zonas Concêntricas, o Modelo Setorizado e o Modelo de núcleos.


A teoria das zonas concêntricas, criada por Ernest Burgess divulgada no artigo The Growth of the City (1925), descreve Chicago como uma cidade dividida em cinco zonas concêntricas, com características próprias, que se expandem a partir dos centro, por todo o território até os limites da cidade através da dominação e da invasão, sendo que a criminalidade diminui do centro em direção as bordas. A camada central, denominada de loop, é a área onde estaria localizada a área comercial, a área mais barulhenta, com mais poluição e com problemas no trânsito. A zona após esta seria a Zona II, a área mais favorável a criminalidades, é um misto entre uso comercial, industrial e residencial. É onde as pessoas moram apenas por estar próxima ao trabalho e não ter condições para se deslocar melhor por outros meios de transporte. A Zona III é onde estão localizadas as residências de baixa classe social. A Zona IV É onde ficam localizadas as casas de classe média, um pouco melhores que as casas da zona anterior. A Zona V é onde estão localizadas as casas das classes altas. Essa teoria é baseada no quanto maior for o poder aquisitivo que a pessoa possui, mais distante viverá do centro da cidade. Através dessa teoria pode-se notar a hierarquização entre as localizações e o uso do solo, com o centro usado como comércio e as áreas mais afastadas da cidade com a valorização mais elevada.
 A Teoria do Modelo Setorizado foi criada pelo economista Homer Hoyt em 1939. Ele tinha por objetivo principal apresentar as principais características de crescimento urbano das áreas residenciais das cidades dos Estados Unidos da América.  O Modelo Setorizado baseia-se na análise feita pelo economista sobre diversas cidades americanas. Em suas pesquisas ele percebeu que a distribuição das áreas residenciais de alto padrão, que ocupam os terrenos melhor localizados, exerce grande influência não só na localização das residências de padrão médio e baixo como também na direção do crescimento da cidade. Dessa forma, Hoyt concluiu que as cidades norte-americanas teriam tendências a se estruturar em setores, e não em círculos concêntricos, onde haveriam áreas de maior valor, que residiriam as classes burguesas e se expandiria em direção a periferia urbana. Nas áreas vizinhas a essas residiriam as classes econômicas média e, a partir do centro para a periferia, estariam localizadas as classes populares.

Em 1945, os geógrafos Chauncy D. Harris e Edward L. Ullman criaram o Modelo de Múltiplos Núcleos, em que consideram que a cidade tem um uso do solo disposto ao redor de diversos núcleos descontínuos. Essa organização dá-se devido ao fato de que cada atividade tem algumas exigências. Um exemplo disso é o comercio, que precisa estar em uma zona que tenha maior acessibilidade ao público, ou as fábricas, que precisam estar localizadas em áreas pontos de acesso facilitado ao transporte ou estabelecimentos de atacado que necessitam de amplos espaços. Desta forma, neste modelo, o C.B.D ocuparia as áreas urbanas de maior acessibilidade, as zonas industriais nas pontas das cidades, só que próximas aos transportes. As residências de baixa renda ocupariam áreas próximas as fabricas e as residências de alta renda ocupariam os setores mais favoráveis.

Manual do Arquiteto

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