Coluna dos Arquitetos: Frank Owen Gehry #1

“É um arquiteto e um artista em um só. Corre tantos riscos, como os verdadeiros artistas fazem; um artista arrisca-se para fazer algo nunca visto.”
Mildred Friedman



Frank Gehry é um arquiteto canadense que ficou conhecido no mundo por suas obras exuberantes, principalmente depois de projetar o famoso Museu Guggenheim em Bilbao. Sua arquitetura é formalista, escultural, pictórica, apresentando frequentemente curvas feitas em metal que no entanto, são originadas a partir de pedaços de papel cortado e uma boa imaginação.

O pós-modernismo caracterizou-se por questionar de diversas maneiras o seu precedente: o modernismo. Cada arquiteto visava repensar um aspecto que considerava falho ou totalmente errado, mas poucos conseguiram combater de uma só vez todas as doutrinas que o modernismo criou. Gehry se destacou pela disposição de descartar as ideias experimentadas e testadas para ousar e inventar novas formas, criando um novo paradigma. Passou do concreto maciço à utilização de madeira compensada e placas de aço para a criação de não apenas prédios, mas sim verdadeiras esculturas funcionais.

Com o desenvolvimento da tecnologia, pôde aliar a sensualidade das curvas à estruturas complexas, facilitando o processo projetual, já que a dificuldade para aliar placas metálicas à concepções estruturais poderia ser um obstáculo.

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Nesse contexto pós modernista, o Museu Guggenheim fez parte de um projeto para a revitalização de Bilbao, que era um deserto pós-industrial. Para construí-lo, Gehry considerou que o prédio devia ser tanto um reflexo da cidade quanto um elemento totalmente novo e dinâmico, mesmo que em si, não se insira no local por chamar muita atenção.


As curvas do edifício surgem de forma aleatória. Como ele era fascinado pelas formas, muitos de seus trabalhos possuem uma estrutura radicalmente esculpida adicionadas a contornos orgânicos. 


O revestimento de titânio do edifício, como um belo acabamento polido que reflete a luz do sol naquela que é a região mais seca da Espanha, destina-se a ser uma espécie de "memória" do centro tradicional da indústria siderúrgica espanhola. E um porto destacado, que foi Bilbao, remetido pela leve lembrança com escamas de peixe, em harmonia outras formas orgânicas presentes no edifício.


Descontinuidade, fragmentação, complexidade, inclusividade (despradronização), são características do edifício que inovou o marasmo criativo que assolava a arquitetura moderna nos anos 70. 


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A Dancing House (Nationale-Nederlanden Building) é considerada a mais controversa edificação de Praga, República Tcheca. A primeira vista, ao lado esquerdo, parece que o prédio foi esmagado, numa alusão ao efeito violento das bombas. E ao mesmo tempo parece que está dançando, por isso também foi apelidada de Fred e Ginger, um casal de dançarinos.


O edifício foi projetado em 1992, e concluído em 1996, causando polêmica na época – a República Tcheca havia saído do comunismo há três anos. Inicialmente preveu-se um centro cultural para o edifício, mas concluído com essa finalidade, o prédio foi ocupado por escritórios de diversas empresas.

Tendo um estilo desconstrutivista, se distorce com o intuito de deslocar e não destruir, além de imprimir a sensação de buscar o diferente.


A Dancing House possui características peculiares do pós-modernismo, como a complexidade, a mistura e sobreposição de elementos que causam uma sensação de tensão, inclusividade (despradronização) e descontinuidade. Os materiais foram mantidos no aspecto original, e as janelas irregulares causam ao mesmo tempo movimento e espontaneidade.


Orlando Barros

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